My Secret Garden

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Por todo lugar que ando estou sempre perdido neste deserto sem cor, vagando sem rumo pelas mesmas estradas apagadas crio essa rotina, que me consome cada vez mais. Ando sem meus pés sentir, olho para frente sem enxergar nada além do vazio, me movimento sem usar nenhum dos sentidos.

Quando eu menos esperava que algo pudesse mudar meus caminhos diários, uma estreita trilha me chama a atenção. Ela parece levar para um lugar perigoso, só um louco trocaria os caminhos seguros e conhecidos por um completamente desconhecido, então continuo a andar pela trilha 'certa'.

Paro e olho mais uma vez a floresta cinza a qual eu me conformei a continuar, mas pela primeira vez a enxergo, percebendo seus tons claros e escuros. Apesar da minha cabeça dizer para seguir em frente, um sentimento novo me faz voltar e entrar na trilha que, assim como ele, para mim era desconhecida.

Não sei em que momento, mas em alguma parte da trilha eu simplesmente me vejo no meio de um enorme jardim, guardado dentro de um enorme castelo abandonado, escondido por entre a selva de ferro. Com palavras não posso descrever o local, muito menos suas flores, as quais coloriram minha vida.

Assim que lavo meus olhos no pequeno lago local para ver claramente se era tudo real, um brilho me chama a atenção e, quando vou ao seu encontro, vejo que era o pólen de de uma das flores. Uma flor de cores diversas e ofuscantes, banhadas pelo pólen luminoso. Leio uma plaquinha, a descrevendo: "Flor das Estrelas, cujo brilho encanta até o mais cego dos Homens". Realmente me encantei a primeira vista pela Flor das Estrelas, ou melhor, minha Estrelinha, que eu gosto de chamar de Gaiella.

Um aroma agradável me faz fechar os olhos e ser guiado pelo perfume. Logo percebo que o cheirinho emana de uma pequena flor, que a brisa a movimenta constantemente, fazendo-a dançar ao som do vento. Suas pétalas quebram como vidro ao caírem no chão, mas logo desaparecem os cacos e surgem outras, ainda mais lindas e perfumadas, no lugar. Na sua placa está escrito: "Flor da Primavera, cujo perfume confunde os mais lúcidos e traz razão aos mais confusos". Esqueço os meus problemas quando sinto o perfume emitido pela Flor da Primavera, minha Princesinha, ou simplesmente Pri.

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Ainda caminhando, não acreditando na beleza do lugar, percebo uma flor crescendo sobre um solo rochoso, bem na parte mais alta do jardim. Uma flor tão bela que  me dá mais certeza que eu estava sonhando. Sobre o chão seguro, seu caule continha folhas escuras  como a noite, contrastando com suas pétalas macias, claras como as nuvens ao amanhecer. Tamanha contradição me leva a segurá-la, mas um espinho, escondido em suas folhas, espeta a minha mão. No entanto não sinto dor, no local forma-se uma marca que me faz ver que não é um sonho, é real! Vejo que não há placa, mas alguém escreveu sobre a rocha uma breve descrição desta flor: "Flor dos Anjos, capaz de transformar sonhos em realidade". É indescritível a sensação de estar no alto do jardim ao lado de tão maravilhosa flor, a Flor dos Anjos, My Angel Gabi.

Descendo o jardim encontro um enorme campo, sem flores. No meio do verde avisto um pequeno ponto azul. Ao chegar mais perto vejo que o ponto é um botão de flor, que parece esconder algum mistério e provoca a minha curiosidade. Me deito no campo macio para a ver melhor e percebo que suas folhinhas se fecham ao serem tocadas, seu caule parece ser tão delicado que talvez quebraria se fosse tocado, suas pétalas parecem morrer se forem abertas a força. No entanto ao bater um forte vento ela não se move do lugar, demonstrando ser bem mais forte do que aparenta ser. Esperando o botão se abrir durmo no campo e, quando acordo, vejo um dos momentos mais lindos da minha vida: o botão se abre lentamente revelando uma flor tão... Tento encontrar, mas ainda não foram criado palavras para expressar tais fenômenos da natureza. Procuro algo que possa me dizer o seu nome, algo que possa me dar uma descrição, por mais breve que seja, mas tudo o que vejo é um pequeno papel com letras borradas. Talvez eu passe o resto da vida sem descobrir seu nome, mas gosto de chamá-la de Carol.

Olho mais uma vez para o castelo, o jardim, as flores... Queria poder levá-las comigo, mas tirá-las dali seria muito egoísmo, flores não duram muito tempo fora de seu jardim. Queria poder ficar ali, mas no fundo eu sei que não posso, não posso ainda. Antes de viver nesse jardim colorido, tenho que primeiro colorir o mundo sem cor de onde eu venho. Tenho tanta coisa pra fazer, tantos planos, tantos deveres, tantas preocupações...

backtomyreality,Ikeepinsidemyselfevenbiggerdreams

Mas tenho que seguir em frente, sentindo o congelante vento dessa praia desértica que eu chamo de vida, guardo no meu castelo as flores que enfeitam aquele lindo lugar, meu refúgio no meio dessa selva cinzenta, meu jardim secreto.