#primeirocapítulo

Um grande clarão invadiu a sala de estar assim que Lily abriu as cortinas da janela que dava vista para a rua. O bairro onde comprara a casa era o tipo certo pra casais prontos para começar uma família, e a vizinhança parecia extremamente agradável. Apesar de achar que as pessoas estavam meio receosas com uma mulher solteira morando na rua, manteve-se sorridente todo o tempo, enquanto descarregava suas coisas do caminhão. Por volta de meio-dia todas as caixas já estavam dentro da casa e Lily sentia-se exausta e faminta, mas ainda não familiarizada com a cidade, não sabia onde haveria um bom lugar para comer e decidiu-se por tirar um cochilo. Jogou-se em cima do colchão e olhando para o teto, esperou o sono vir.

"Sentia sua respiração mais pesada, o ar estava mais escasso, seu peito doía com as fortes batidas de seu coração. A luz era fraca e mal conseguia enxergar um palmo a frente. Temeu dar um passo e decidiu por permanecer parada, enquanto observava uma tênue neblina se formar ao seu redor. Ouviu passos atrás de si, o barulho de pés batendo em poças d’água deixava aquela situação ainda mais assustadora. Uma voz se fez ouvir na escuridão que lhe rodeava, mas não conseguia ouvir direito, estava distante. Como se lesse seus pensamentos, a voz foi se aproximando, cada vez mais perto, muito próximo e..."

Assustada, Lily sentou-se no colchão e abriu os olhos, puxando fortemente o ar para seus pulmões. Estava sufocada. Sentiu um gosto salgado nos lábios e passou a mão na testa: estava suando. A voz de seu sonho vinha do outro lado da porta, acompanhada por batidas incessantes. Bufou. Mal havia chegado e já estava sendo importunada pelos vizinhos antiquados. Levantou-se e sacudiu a poeira das roupas, andando a passos largos até a porta. Queria amaldiçoar a pessoa com as irritantes batidas, mas pôs um sorriso no rosto e abriu a porta.

- Ah, olá. – disse o rapaz moreno de cabelos ondulados com um belo sorriso.

- Olá, posso ajudar? – perguntou enquanto admirava os olhos que possuíam a mesma cor dos seus.

- Eu vim dar as boas – vindas a vizinhança e me apresentar. – sorriu – Prazer, meu nome é Ben. Ben Foster.

- Oh sim, obrigada. E muito prazer, Ben. Eu me chamo Lily Gray. – sorriu educada, apertando a mão estendida do rapaz.

- Você precisa de alguma ajuda com as caixas? Ou qualquer outra coisa? – perguntou Ben.

- Não, muito obrigada. Agora é basicamente desempacotar tudo e colocar em seus devidos lugares. – sorriu agradecida.

- Ok então. Se precisar, moro aqui ao lado. – apontou para a casa de tom pastel. – Até mais. – sorriu e virou-se para ir embora.

- Ei. – o rapaz virou. – Quer saber? Eu preciso de ajuda sim.

- O que posso fazer? – o rapaz esfregou as mãos e caminhou em direção a Lily.

- Conhece um bom lugar para comer? – sorriu esperançosa e o rapaz riu.

- Hoje é o seu dia de sorte. – sorriu de jeito malandro e esperou Lily voltar com sua bolsa e agasalho.

- Então, de que jeito nós vamos? – arrependeu-se da pergunta logo que viu Ben apontar para uma Harley preta que estava estacionada em frente a sua casa. – Uma motocicleta?

- Ei, que isso. Assim você a ofende. Não é motocicleta, é uma Harley. São coisas diferentes. – disse Ben, entregando um capacete para Lily e sentando-se na moto. – Anda, sobe.

- Meu conceito de cidade de interior está totalmente errado. – bufando, colocou o capacete e subiu na moto.

- Segura firme ai. – sorriu ao ver a cara de horror de Lily, que lhe agarrou fortemente e fechou olhos, deixando para trás um grito de pavor depois que Ben arrancou com a moto.

continua...